Tomás da Anunciação "Paisagem da Amora"
J. C. da Silva "A Passagem do Gado"
Metrass "Só Deus"
Palácio da Pena (Sintra)
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Em
Portugal o processo de instauração do romantismo foi lento e incerto. Enquanto o
romantismo de Delacroix avançava já para um projecto renascentista e o realismo tomava
forma no horizonte parisiense, o romantismo português procurava ainda afirmar-se. A implantação do romantismo em portugal ocorre num contexto sociopolítico. São os anos posteriores às invasões francesas, que tinham originado o refúgio da corte portuguesa no Brasil e é também o tempo em que o desejo de independência dessa colónia ganha força. Na metrópole multiplicam-se as lojas maçónicas e germinam os ideais liberais. Travam-se as lutas cívis entre miguelistas e liberais, e, por duas vezes, depois da Vilafrancada e da Abjuração da Carta, muitos partidários de D. Pedro tiveram de exilar-se em Inglaterra e França. Dois desses partidários eram os jovens escritores Almeida Garrett e Alexandre Herculano. Segundo alguns autores o romantismo afirmou-se entre nós como uma cultura de importação. Só compensou distâncias e atrasos pela via indirecta dos exílios a que se sujeitaram Garrett e Herculano. Foi longe da pátria que estes autores conceberam a ideia de criar uma literatura nova, de carácter nacional e popular. Em 1825 Garrett publicou o poema Camões que passa a ser considerado o ponto de partida para a fixação da cronologia do romantismo português. Garrett e Herculano entendiam a literatura como tarefa cívica, como meio de acção pedagógica. "A abolicão dos conventos destruira o sistema dos estudos; e se cumpria aos governos organizar a instrução pública, era obrigação dos escritores novos continuar a obra dos frades." Oliveira Martins Portugal era um país pequeno e decaído, saudoso da grandeza perdida. Esses patriotas, confiantes nas virtudes da liberdade, propunham-se contribuir para um renascimento pátrio. O romantismo constitui uma tomada de consciência e uma conquista dum senso histórico e dum senso crítico novo aplicado aos fenómenos da cultura. Começa-se a relacionar o Homem com o meio a que pertence e a época de que é produto. "O instável Carlos das viagens é o expoente de uma época de crise, um moderno que sofre de duplicidade amorosa e acaba por se emburguesar, passando de alma sensível a barão." Jacinto Prado Coelho Em Portugal, tal como na Europa, o romantismo manifestou-se também na pintura e na arquitectura. A evolução, na pintura, do neoclassicismo para o romantismo foi lenta e tormentosa, só tardiamente ganhou expressão entre nós. Não existiam mestres, o seu surgimento é o resultado do amor que os jovens artistas tinham à natureza. "Deve ser no meio dos campos, em frente das maravilhas da vegetação e dos mais variados episódios da criação animada, que as ideias do pintor voam e se multiplicam." J. M. Andrade Ferreira Vários pintores se destacaram, mas Auguste Roquemont foi o primeiro a fixar na tela cenas de costumes populares. Tomás da Anunciação, João Cristino da Silva e Metrass são outros nomes importantes da pintura romântica. Este último, Metrass, traduz nos seus quadros uma nova situação sentimental, com um dramatismo ao mesmo tempo empolgante e mórbido. O melhor exemplo desse gosto é o célebre Só Deus, considerado por alguns a mais poderosa imagem do romantismo português. A arquitectura do período romântico em Portugal surgiu, a par com a Europa, por via Inglesa. O monumento mais representativo do espírito romântico é o Palácio da Pena, em Sintra. A serra de Sintra sempre empolgou as almas românticas, Garrett em 1925 escrevia: "...Oh grutas frias / oh gemedouras fontes, oh suspiros / De namoradas selvas, brandas veigas, / verdes outeiros, gigantescas serras." |
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